Na História do Jornal da Beira… Monsenhor José Vieira, chefe de redação e diretor

Monsenhor José Vieira trabalhou no Jornal da Beira durante 46 anos, tendo desempenhado vários cargos como chefe de redação e diretor do jornal.
“Gostei muito de trabalhar no Jornal da Beira, fui para lá novinho, era Padre há poucos anos e não tinha experiência nenhuma de jornalismo, escrevia para jornais, mas só de vez em quando”, diz o antigo diretor. Recorda várias épocas difíceis “politicamente falando”, no entanto diz que o semanário “equacionou bem as coisas e não criou atritos com ninguém” e por isso, foi crescendo com o apoio dos leitores e dos funcionários.
“A maior dificuldade da minha vida foi quando eclodiu o 25 de abril. A revolução foi comunista e o jornal é Católico, portanto há aí uma contradição. No entanto não foi muito atacado. Creio que as pessoas respeitaram o jornal, o que não aconteceu quando foi a implementação da república. Nessa altura assaltaram o jornal e destruíram várias coisas”, relembra.
O antigo chefe de redação destaca a importância das pessoas que trabalharam com ele na redação e na tipografia. “O Jornal da Beira sempre teve uma equipa muito boa e que colaborou comigo muito bem”, acrescentou o Monsenhor José Vieira.
Para o colaborador do semanário, o “relacionamento humano foi a coisa mais importante” que tirou do seu trabalho ao longo dos 46 anos. “O relacionamento humano é fundamental em tudo na vida. É importante criar uma roda de amigos e rodear-se de amigos bons, quer na profissão, quer na vida social”, confessa o antigo diretor do jornal. Para além do trabalho na redação, o Monsenhor José Vieira diz que trabalhar na livraria também foi “gratificante” por causa do “contacto direto com as pessoas”.
O antigo diretor do semanário considera muito importante o facto do Jornal da Beira ser o primeiro jornal da região de Viseu a fazer cem anos. “O jornalismo está em crise e o jornal tem de se bater com esses problemas, pois o jornal em papel não está ultrapassado. Mas também tem de marcar passo com estas modernices, tem gente capaz disso”, reconhece.
Beatriz Almeida | com apoio da redação | edição impressa 16/01/2020