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Autarcas de Portugal e Espanha pressionam governos a dar prioridade ao corredor ferroviário Aveiro – Salamanca

Tal como aconteceu há vários anos com a reivindicação de uma estrada que ligasse Aveiro a Espanha com passagem por Viseu, em que foi criado o consorcio ‘IP5 – Uma Rota para a Europa’ e hoje inclusive já é uma autoestrada, os autarcas e dirigentes de associações empresariais de Portugal e Espanha voltam a mostrar-se unidos a uma só voz para não deixar cair no esquecimento o corredor ferroviário e defender a sua construção até 2030 como uma “prioridade’. Depois de um primeiro encontro em Salamanca, decorreu na semana passada, mais uma cimeira Ibérica, desta vez em Viseu.

Em cima da mesa está a necessidade, face à urgência, de pressionar os governos dos dois países para a prioridade que deve ser dada à construção do Corredor Atlântico no lanço ibérico e a sua ligação com Madrid, integrado nos planos nacionais ferroviários dos dois países, desde 2013.

“Reconhecemos aí, a escassez e a falta de eficiência das ligações ferroviárias com impacto na mobilidade das pessoas e mercadorias entre ambos os países, assim como com o resto da Europa, atrofiando o crescimento económico dos dois países”, adiantou o grupo numa declaração institucional conjunta divulgada após a reunião de Viseu, que decorreu à porta fechada.

“À semelhança do que fizemos aquando da construção do IP5 em que a cooperação entre os dois países foi capaz de ser fortalecida pela ação das instituições e das associações empresariais desta zona do território, dando sustentabilidade à decisão política de construção e ligação dessa importante via, queremos com estes encontros potenciar a colaboração com vista à construção da ligação ferroviária Aveiro – Viseu – Guarda – Salamanca”, lê-se ainda na declaração do grupo que insiste na construção do troço até 2030. 

O delegado do Corredor Atlântico e Redes Complementares, Luís Fuentes Rodriguez, adiantou aos jornalistas no final do encontro que “falta compromisso dos governos em impulsionar o Corredor Atlântico, como se impulsionou o Corredor Mediterrâneo”. “Temos de pedir aos nossos dois governos que unam forças, que façam os esforços necessários para que a rede básica, os corredores atlânticos que passam por Portugal e por Espanha, estejam em funcionamento em 2030”, frisou, lembrando que a União Europeia tem desenhadas, desde 2013, todas as redes que servirão a Europa. “O que estamos aqui a reivindicar é que os governos ponham em cima da mesa todo o dinheiro necessário para que as infraestruturas estejam em pleno funcionamento”, afirmou o responsável, acrescentando que “há muito dinheiro e o que têm de fazer é executar todas as obras que estão prometidas”, sob pena de perderem esse mesmo dinheiro.

Fernando Ruas espera que o tema entre na campanha das eleições Legislativas e Europeias

O presidente da Câmara Municipal de Viseu, Fernando Ruas, adiantou que os encontros desta natureza funcionam como “uma espécie de despertador” e, nesse sentido, vão repetir-se com frequência em cidades diretamente envolvidas na passagem do novo troço ferroviário. 

“Vamos continuar com as reuniões periódicas, sempre a bater nisto. Não vamos deixar que esta situação seja esquecida. Vamos reclamar que este tema seja debatido nas cimeiras ibéricas”, realço, esperando que o tema seja abordado durante as eleições Legislativas e Europeias. “Se fosse candidato não deixaria de o pôr em cima da mesa”, assegurou, acrescentando que sempre que tiver oportunidade de usar da palavra vai introduzir o assunto.

Fernando Ruas insistiu que se pretende “envolver o Governo” e que os objetivos da União Europeia de dar sequência ao Plano Ferroviário “não seja apenas para arranjar um documento bonito”, mas para “ter sequência prática” sem hesitações. “Não há um contributo melhor do que aquele que pode ser dado nesta Corredor Atlântico”, alertou, embora reconheça que o ano de 2030 é uma data irreal para a sua execução. Viseu tem, no entanto, definido o lugar para a construção da futura estação ferroviária, em Repeses.

Já o presidente da Câmara de Aveiro, Ribau Esteves, defendeu que deve ser dada prioridade ao transporte ferroviário do Corredor Atlântico no troço ibérico “antes que os fundos de coesão se desloquem” para leste.

O autarca lembrou que Portugal havia decidido há 30 anos fazer esse corredor ferroviário de Aveiro a Salamanca, mas lamentou que “até hoje não está feita coisa nenhuma”.

Emília Amaral | edição impressa JB 15/02/2024


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