Diocese de Viseu quer chamar jovens universitários a experiências missionárias
DIA MUNDIAL DAS MISSÕES, 22 DE OUTUBRO
O Secretariado das Missões da Diocese de Viseu está a trabalhar numa proposta que em breve vai apresentar à Pastoral do Ensino Superior, no sentido de em conjunto atraírem jovens das várias instituições universitárias e de ensino superior de Viseu, para participarem em experiências missionárias pelo mundo.
“O desafio” é avançado pelo atual diretor Diocesano das Obras Missionárias Pontifícias, irmão João Pedro, em vésperas de comemorar o Dia Mundial das Missões, 22 de outubro, data que se celebra no penúltimo domingo de outubro, instituída pelo Papa Pio XI em 1926, como um dia de oração e ofertas a favor da evangelização dos povos.
“Em Viseu, com a Pastoral Universitária, estamos a tentar como noutras dioceses enviar jovens em missões. Estou a preparar uma proposta para trabalhar em conjunto com eles e, depois, fazer essa proposta aos jovens de Viseu, para que possam e aceitem pelo menos ter uma experiência missionária, porque se há outras dioceses que todos os anos o fazem, nós também o poderemos fazer”, adiantou o irmão João Pedro, também responsável pelo Centro Missionário Marista de Vouzela, considerando a proposta “um desafio para os próximos anos do Departamento das Missões” da Diocese.
Atualmente a Diocese de Viseu não tem voluntários em missões fora do país. No entanto, têm-se registado exemplos de professores ou jovens da Diocese que abdicam das férias de verão para fazerem experiências durante dois meses.
O consagrado Marista lembra que “os missionários entendidos como antigamente, sejam religiosos, padres das congregações ou diocesanos, são cada vez menos, no entanto, “cada vez há mais leigos a aderir a experiências missionárias, o que é muito bonito e temos de aproveitar essa oportunidade”, divulgou.
Perante a certeza de haver cada vez menos consagrados disponíveis para missões voluntárias em países ou comunidades que precisam da ajuda humana, fica a pergunta sobre o que está a bloquear essa abertura? A resposta do irmão Marista de Vouzela é clara: “Temos de começar por ser missionários cá dentro. Santa Teresinha, nunca foi para as missões e é considerada a padroeira das missões”.
O que significa ir em missão?
“Muita gente me pergunta o que são as missões e eu costumo explicar que tudo começou com aqueles que iam para outras terras, para outros países ajudar quem mais necessitava. Atualmente, e o Papa tem deixado isso bem claro, todos, todos, todos somos discípulos missionários onde nos encontremos, ajudar quem mais precisa onde quer que estejamos. O Papa, no ano passado lançou uma carta muito impactante onde refere que são 950 dioceses no mundo que não têm autonomia financeira e nós que temos 20 dioceses em Portugal deixa-nos a pensar que é mais de meio mundo” sem autonomia financeira, lembra o diretor Diocesano das Obras Missionárias Pontifícias.
Na longa conversa do Jornal da Beira com o irmão João Pedro, o consagrado admite que é importante continuar a falar do trabalho missionário. “Muitas pessoas não têm bem a noção por haver poucos testemunhos e poucos exemplos, mas [o objetivo] da nossa Igreja poder ajudar outras igrejas de outras partes do mundo deverá continuar a ser realçado. É uma Igreja que vai nascendo, nunca é um trabalho concluído pelas dificuldades de países do mundo onde os cristãos continuam a ser perseguidos e precisam de apoio”, respondeu.
Não sendo uma congregação missionária – na Diocese de Viseu existe apenas a congregação dos Combonianos – o Centro Marista de Vouzela é uma casa que trabalha de forma intensa essa vertente com toda a comunidade local. Uma característica que lhe vem do tempo em que as atuais instalações eram um seminário missionário, de onde muitos sacerdotes e consagrados partiam para missões intensas em Angola e Moçambique. “Atualmente não temos seminaristas, acolhemos grupos aos fins de semana, jovens nas férias que passam por aqui. Dedicamo-nos à pastoral pelas paróquias, visitamos escolas com os professores de Moral e promovemos outras atividades, como a preparação para o Crisma”, exemplifica, lembrando que ser missionário também é isso.
Saber interpretar a mensagem deste ano do Papa
‘Conversões Ardentes, Pés ao Caminho’ é o título da mensagem do Papa para este ano. Como interpreta este título? “Eu associo este título com a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), a tal Igreja em saída. Parece que no nosso país ficámos cheios de energia e com o coração a arder como ficaram os discípulos quando encontraram o Senhor, estiveram com ele e descobrem essa novidade da ressurreição, então, puseram pés ao caminho para a missão e a missão é anunciar Jesus vivo e Jesus ressuscitado. A mensagem que o Papa agora lança é de ir ao encontro de todos”, decifra o Irmão João Pedro, ao lembrar a frase que o Papa Francisco deixou na JMJ: “Gostei muito da frase que deixou nas jornadas, porque é uma mensagem altamente missionária, de que “só podemos olhar alguém de cima para o ajudar a levantar”. Portanto essa é que é a atitude missionária, ajudar, deitar uma mão a toda a gente que precisa”.
Programa da Diocese para o Dia Mundial das Missões
– Distribuição de material na tentativa de chegar a todas as paróquias: cartazes, guiões – um pequeno livro “este ano muito bem elaborado”, disponível na livraria Jornal da Beira por um preço simbólico;
– Vigílias mais localizadas, uma por cada Arciprestado ou por zonas de referência, onde seja mais fácil congregar sem muita deslocação.
– Peditório na Missa de domingo, dia 22, em que o ofertório é para as missões consignadas para as obras missionárias pontifícias, para ajudar outras dioceses do mundo selecionadas pelo Papa que não conseguem sobreviver sozinhas;
– Peditório de rua de quinta-feira a domingo, nas paróquias urbanas (da cidade) por escuteiros, grupos de jovens da Catequese. Irmão João Pedro: “Este peditório concretamente é para ajudar quem mais precisa lá fora, porque aqui temos outras formas de pedir ajuda”.
Emília Amaral | edição impressa JB 22/06/2022